39. CAPÍTULO TRINTA E NOVE
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
❛ ato dois: a ordem da fênix ❜
NA MANHÃ SEGUINTE todos agiram normalmente, principalmente os menores, que por obrigação tiveram que fingir que não ouviram nada sobre a conversa que a ordem teve sobre o que estava acontecendo com Harry e Erika. O Natal estava chegando e a casa dos Black começava a ficar um pouco colorida com as decorações de Natal aparecendo aos poucos. Erika desceu para tomar café mais tarde do que de costume, depois de ficar na cama a maior parte da manhã pensando em como lidar com as reações dos Weasley ao que ouviram na noite anterior. Assim que chegou à cozinha encontrou Remus, Danielle e os Weasley pendurando e arrumando algumas decorações.
Com os olhos baixos ela se aproximou do armário para começar a preparar seu café da manhã em silêncio, ela não queria encontrar o olhar de nenhum dos Weasleys, ela sabia que eles poderiam estar pensando o pior dela ou que certamente não iriam querer falar para ela. Como eles falariam com alguém que manipularam para se juntar aos Comensais da Morte? Enquanto pensava nisso, serviu-se de um copo de suco, ela não estava com fome, mas pelo menos um pouco de líquido em seu corpo a manteria distraída da fome. Ela tinha a intenção de ir para o quarto com o copo na mão, aproveitando que ninguém estava olhando para ela, ou assim ela pensava.
— Isso é tudo que você vai levar com você? — Lupin perguntou de repente para ela, que chegou na frente dela.
Erika olhou para ele surpresa, perguntando-se como ele havia chegado tão perto dela sem que ela percebesse. Erika assentiu silenciosamente rapidamente depois de sair de sua surpresa.
— Não estou com muita fome. — Erika murmurou.
— Você não pode sair sozinha com isso! — Molly disse a ela, vindo de trás dela, assustando-a um pouco. — Pegue um pouco de pão com ovo e coma alguma coisa.
— Mas...
— Você chegou tarde e agora me nega comida? — a sobrancelha levantada da mulher era um indicador de que ela estava chateada.
Erika engoliu em seco e assentiu, sentando-se à mesa com seu copo de suco e pão. Ela silenciosamente começou a comer enquanto procurava por Harry. Ela não o via desde a pequena conversa que tiveram fora do banheiro, então era muito provável que ele ainda estivesse dormindo.
— É estranho ver você comer algo diferente de aveia. — Remus sorriu, sentando ao lado dela. — Como você dormiu?
— Não dormi muito, mas acho que consegui descansar. — ela respondeu passando a língua pela parte interna da bochecha. — E Harry?
— Alimentando Bicuço, ele está lá há algum tempo, então provavelmente estão se atualizando. — Remus respondeu olhando em direção ao quarto onde estava o hipogrifo. — Se você comer rápido pode ajudar os meninos a decorar a sala.
Erika engoliu em seco e apenas assentiu educadamente. Para ser honesta, ela não sabia se eles gostariam de ficar no mesmo quarto que ela. Sua mente era tão propensa a pensar demais que desde que adormeceu ela pensava que os Weasley a odiavam.
Claramente não foi assim.
Ron tinha certeza absoluta de que os membros da ordem estavam apenas especulando, segundo ele eles não deveriam se preocupar com Erika se juntando aos Comensais da Morte porque era o menos provável que isso acontecesse, não importa o quanto seu tolo pai tentasse manipulá-la. Ginny queria falar com a garota mas não sabia como reagiria, pela manhã Harry agiu de forma evasiva e sem falar com ninguém, não sabiam se Erika estava tão relutante e mal-humorada quanto Harry.
Eles viram Erika subir as escadas depois de sorrir um pouco tensa para eles, os mesmos se entreolharam e procuraram alguém para explicar o que estava acontecendo. Remus os mandou subir com um aceno de cabeça e os meninos pararam de tentar pendurar uma serpentina no teto para prestar atenção nele.
Em silêncio eles se movimentaram pela sala assim que chegaram, Erika não disse uma palavra o tempo todo pensando que eles estavam com medo ou com raiva dela enquanto os Weasleys não disseram uma palavra porque pensaram que Erika iria gritar na cara deles por não querer que falam com ele.
Mas é claro que Ginny não suportava ficar muito calada.
— Erika, você poderia me dar o Papai Noel com o trenó para colocar na lareira? — ela perguntou sob o olhar um tanto assustado de Ron.
— Claro. — Erika murmurou tensa, indo até a caixa e depois passando o enfeite para a mão dela.
— É bom saber que você não me comeu viva. — disse ela ao se aproximar, causando confusão na Lufa-Lufa. — Olha, entendo que você esteja estranha com o que ouviu ontem à noite. Se você quiser conversar sobre isso, nós a ouviremos, mas não seja como Harry, que quase arrancou a cabeça de Rony quando falou com ele esta manhã.
— Ah... É que... Pensei que vocês não iriam querer falar comigo. — Erika respondeu engolindo nervosamente. — Presumi que vocês estavam com medo de mim ou algo assim.
— Ter medo de você? Por favor, a coisa mais perigosa que você já fez foi falar com Pansy Parkinson. — Fred disse zombeteiro.
Erika sorriu um pouco, ficou aliviada em saber que as pessoas com quem passaria o Natal não tinham medo dela ou não estavam chateadas com ela. Erika não queria fugir deles, ela não queria que algo relacionado ao seu pai tirasse algo mais precioso para ela.
— Obrigada. — ela murmurou, olhando para baixo, sentindo-se subitamente tímida.
Ginny sorriu para ela e continuou decorando, Ron deu-lhe um breve abraço e foi com ela pendurar as serpentinas, aproveitando o fato de serem altos.
Assim que terminaram, eles se sentaram nos sofás para conversar, Ron contou como pela manhã Harry saiu da sala depois de dizer que não tinha vontade de conversar sem lhe dar a oportunidade de dizer que eles deveriam conversar sobre isso para chegar a fundo disso.
Erika entendeu de alguma forma, ele provavelmente estava impressionado. Ouvir de um dia para o outro que Voldemort possui você não lhe dá uma reação melhor do que essa. Se ela estava tendo dificuldade em saber que seu próprio pai estava trabalhando de mãos dadas com ele, nem pensava em Harry, que viu em primeira mão o ataque ao Sr. Weasley por estar possuído.
— Já terminaram? — Danielle foi ouvida da porta sorrindo timidamente enquanto olhava para Erika. — Preciso falar com Erika se não for muito incomodar.
Os irmãos Weasley negaram e imediatamente saíram da sala, Erika os seguiu com o olhar e depois focou na irmã que os observava sair com um sorriso tenso. A porta se fechou e a irmã mais velha suspirou um pouco ao se aproximar dela para sentar na cadeira da frente. A morena parecia cansada e sua expressão mostrava que ela não havia dormido muito depois do encontro da noite anterior.
— Tem alguma coisa errada? — Erika perguntou quando olhou para ela depois de se sentar.
— Queria falar com você para esclarecer as coisas.
— Esclarecer as... Coisas?
— Sim, eu sei que você está com raiva de mim e...
— Não estou raiva com você. — Erika a interrompeu imediatamente. — De onde você tirou isso?
Danielle olhou para ela estupefata enquanto tentava tirar as palavras de sua boca. Desde a conversa que tiveram na enfermaria, ela presumiu que a menor estava brava com ela por não poder contar tudo o que estava acontecendo. Claro, Erika estava chateada, mas não com raiva como ela pensava.
— Achei... Que você estava com raiva por não poder te contar as coisas. — Danielle explicou, apoiando as costas no encosto. — Não é?
— Estou um pouco chateada, nada mais. — admitiu a mais nova. — Sempre que você comete um erro você pensa que eles te odeiam.
— Você está agindo tão estranha...
— Estranha como você e Penny? — Erika se atreveu a deixar escapar com uma sobrancelha levantada.
Danielle respirou fundo e ficou em silêncio com a boca aberta, apertou os lábios enquanto o ar saía do nariz e fechou os olhos, aquela simples expressão confirmava por completo as suspeitas que ela tinha desde o dia anterior.
— Esse é outro assunto.
— Então as coisas estão estranhas entre vocês. — Erika murmurou franzindo levemente a testa. — O que aconteceu?
— Não é da sua conta e não é sobre isso que quero que falemos.
— Mas vocês vão se acertar?
— Claro que sim, é só estresse jogando contra mim. — Danielle disse a ela bufando.
— Isso parece uma coisa cotidiana para você ultimamente. — Erika murmurou enquanto seu olhar caía no chão.
Danielle olhou para ela imediatamente, irritada, aquele olhar que a repreendeu silenciosamente foi o suficiente para Erika levantar as mãos em derrota e implorar quase silenciosamente por perdão.
— Quero que você me conte como tem se sentido em relação a tudo isso, por isso quero conversar com você, não falar sobre meu relacionamento. — a mais velha suspirou. — Tudo isso deve ser cansativo para você, então quero muito que me conte tudo, começando pela sua irritação comigo.
Erika suspirou, expressar suas emoções era difícil toda vez que Danielle a sentava para falar sobre elas. Era algo que ela fazia desde pequena, quando a via agindo de forma estranha ou chateada ela sentava com ela na sala e pedia para explicar o que estava acontecendo.
Se você guardar essas emoções para si mesma, no final será pior. Danielle disse a ela.
E ela tinha razão, nas vezes que guardava as coisas para si acabava tendo enxaquecas terríveis e se sentindo pior emocionalmente.
— É que... No dia em que você saiu de casa você poderia ter me contado sobre a legilimência do papai. — Erika falou baixinho, mas o volume de sua voz subiu para um nível normal enquanto ela falava. — Ou você poderia ter me contado qualquer dia, por que você nunca disse nada?
— Porque pensei que não usaria isso em você. — Danielle respondeu cruzando as pernas. — Você era a favorita dele, por mais estranho que isso pareça agora, ele via potencial em você, por isso era tão exigente. Mas todos os seus esforços foram em vão quando você foi selecionada para a Lufa-Lufa assim como eu.
— Mas agora ele me quer de volta. — Erika murmurou surpresa. — Se ele acha que sou um fracasso, por que me quer de volta?
— É isso que estamos tentando descobrir. — Danielle passou suavemente as mãos pelo rosto em sinal de estresse. — Acredite, estamos procurando uma resposta para seu desejo repentino de querer bancar a família feliz de um dia para o outro.
— Papai tem algo a ver com meu repentino vômito de sangue?
— Não sei se diretamente, para ser sincera. — Danielle confessou com um suspiro. — Tem coisas que não podemos te contar porque, para ser sincera, não sabemos exatamente. Somos guiados pelo que mamãe disse a Dumbledore anos atrás e ainda não conseguimos entender o que ela quis dizer.
— O que ela disse para Dumbledore?
Danielle deixou a cabeça cair para trás com tristeza.
— Não posso e não quero falar mais a fundo com você sobre isso, Eri. — Danielle afirmou baixinho, quase reclamando. — Devo seguir ordens, se você descobrir tudo isso vai te afetar porque não sabemos nada específico. É tudo especulação. Além disso, tudo que eu quero é que você pare de pensar tanto nisso e aproveite sua adolescência como deveria.
— Acho que não estamos na época de aproveitar a adolescência. — Erika respondeu sério. — Não quando estou envolvida nesse problema e papai está matando pessoas como um louco, começando pelo meu melhor amigo. — ela retrucou, isso saindo com um toque de raiva.
Danielle olhou para ela com tristeza, talvez culpa, mas com mais tristeza. O que ela mais queria quando era jovem era que sua irmã mais nova vivesse longe do pai e levasse uma vida normal, longe dos abusos de Nathaniel e mais próxima do carinho familiar. Danielle não queria que ela passasse pela mesma coisa que passou, mas do jeito que as coisas estavam indo, parecia que a mais nova tinha a pior parte de ser filha de Nathaniel Frukke.
Ficava frustrada por não poder fazer mais, frustrava-a ver que sua irmã estava envolvida em algo que não deveria. Danielle foi capaz de dar qualquer coisa para trocar de lugar com Erika e fazê-la viver a vida tranquila que vivia atualmente. Uma vida longe de Nathaniel, com algo para distraí-la como o trabalho e com uma pessoa que a amava como ninguém antes, que a entendia e lhe ensinava coisas novas todos os dias.
— Eu... Eu acho que você ainda deveria tentar aproveitar a vida. — Danielle murmurou para ela enquanto olhava para as próprias mãos. — Estar com os amigos, estudar, chorar, todas essas coisas. Procure deixar um pouco o assunto de lado, por mais difícil que seja, não quero que você se preocupe tanto com tudo.
— Entendo perfeitamente o que você quer dizer. — Erika disse após engolir o nó que se formou em sua garganta. — Olha, você já conversou um pouco comigo sobre o que estava me incomodando e tirou minha dúvida da melhor maneira que pôde. Mas isso deixa a coisa inacabada e sinto que podemos ajudar internamente...
— Vocês estão fazendo o suficiente com tudo sobre as aulas secretas. — Danielle lhe assegurou. — Não façam mais que isso, por favor. É o suficiente com uma coisa nas costas do Ministério em Hogwarts e com algo nas costas do Ministério acontecendo dentro do próprio Ministério.
Erika assentiu em compreensão, às vezes ela esquecia que tudo sobre a Armada de Dumbledore estava nas costas de Umbridge que era os olhos, ouvidos e boca do Ministério dentro da escola, além de tudo que a ordem fazia também ser escondido do Ministério. Ela não tinha percebido o quão perigosas essas duas coisas eram.
Ela olhou para a irmã, era tão protetora com ela que o fato de não repreendê-la por fazer parte das aulas secretas a surpreendeu. Talvez isso fosse um sinal de que ela realmente queria que ela vivesse sua adolescência em paz, em outros casos Danielle a teria repreendido, como naquela vez no segundo ano quando ela fez um clube de sapos de chocolate que não era permitido na sala comunal da Lufa-Lufa com Ernie. Danielle enviou-lhe uma carta dizendo-lhe para se livrar dele porque era contra as regras, a menos que falassem com Sprout, mas se não fosse o caso, se livrar dele se não quisesse que seu presente de Natal desaparecesse magicamente.
Era engraçado para ela que Danielle não a deixasse ter um clube infantil de sapos de chocolate, mas ela fazia vista grossa às aulas e práticas de defesa contra as artes das trevas escondidas de um funcionário do ministério.
— Você acha que vai ficar bem? Bill estará aqui com cerveja amanteigada a qualquer momento. — anunciou a mais velha, levantando-se.
— Claro. — Erika sorriu suavemente, seguindo sua irmã que uma vez ao seu lado, colocou os braços em volta de seus ombros para descer as escadas.
Desceram as escadas em silêncio, deixando-se levar pelo sentimento de melancolia que as rodeava, pelo menor peso que se sentia nos ombros de Erika depois de esclarecer as coisas com os Weasley e depois de ter conversado mais a fundo com Danielle sobre o que estava incomodando. Era notório. Foi bom não pensar em tudo o que estava acontecendo por um tempo, ela estava começando a entender o que Danielle queria dizer.
A campainha tocou enquanto elas se dirigiam para a cozinha, Danielle se separou do abraço para abrir a porta esperando que fosse Bill com a cerveja amanteigada, mas a surpresa que encontrou na porta a fez sorrir amplamente.
— Hermione, eu não sabia que você se juntaria a nós! — Daniele cumprimentou alegremente a morena que estava parada timidamente em frente à porta agora que tinha a Frukke mais velha na sua frente. — Entre, entre. Como vai você?
Hermione não conseguia evitar ficar tensa toda vez que conversava com Danielle, era quase como conversar com Erika com a diferença que Danielle tinha cabelos ruivos e seus olhos eram castanhos esverdeados, mas a altura e as vezes a forma de se expressar eram parecidas entre elas.
— Olá... Estou bem, obrigada. — Hermione respondeu um pouco constrangida. — E você?
— Cansada, típico. — Danielle respondeu rapidamente, fechando a porta atrás de si. — Todos estão na cozinha, Erika ficará encantada em te ver. — ela a assegurou cantando e com um sorriso torto.
Hermione sorriu por cortesia enquanto um leve rubor subia em suas bochechas. Ela a seguiu pelo corredor, ouvindo ao longe as vozes de todos em diferentes partes da casa. Ela caminhava com a bolsa pendurada no ombro enquanto carregava a gaiola de Bichento na mão esquerda, o gato dormindo pacificamente como se a viagem ao Largo Grimmauld tivesse sido muito tranquila.
Danielle entrou na cozinha e ao mesmo tempo Erika estava saindo, como se tivesse lhe contado algo sobre sua presença. A menina de olhos azuis estava saindo da cozinha com a intenção de ir pegar sua câmera para fotografar George equilibrando pinheiros de Natal no nariz, mas parou ao notar a presença da morena. Assim que elas se entreolharam, a Lufa-Lufa congelou por alguns segundos como se não acreditasse que Hermione realmente estava ali, mas quando sorriu timidamente para ela, saiu de seu estado de surpresa para imediatamente se aproximar dela sem jeito e sem tirar os olhos dela, como se ela ainda não tivesse pensado que estava lá.
— Olá. — Erika a cumprimentou com o corpo todo tenso.
— Olá. — a Grifinória respondeu com um sorriso tenso sem quebrar o contato visual. — Como você está?
— Bom. O que você está fazendo aqui? — Erika perguntou abruptamente, fazendo com que a morena a olhasse estranhamente por alguns segundos pela forma como a pergunta foi direcionada. — Desculpe, só pensei que você ia ficar com seus pais na neve fazendo aquelas coisas onde você se joga na madeira.
— Eu estava lá, mas percebi que esquiar não é meu forte. — Hermione confessou um pouco envergonhada. — Vim passar o Natal aqui, não queria ficar mais tempo lá e estragar a semana deles com meu mau humor. Eu disse a eles que deveria estudar para os NOMs e eles me disseram que não havia problema.
— Nada aconteceu com você? — com preocupação, seus olhos examinaram o rosto da grifinória em busca de algum arranhão ou hematoma que mostrasse que Hermione havia sofrido um acidente na neve.
— Nada, estou bem. — ela a assegurou com um sorriso e revirando os olhos de brincadeira. — E você está bem?
— Como sempre. — Erika respondeu encolhendo os ombros para tentar desviar o assunto. — Posso te ajudar com suas coisas?
— Não se preocupe, eu farei isso. — Hermione disse rapidamente quando Erika se aproximou com a intenção de pegar sua bolsa.
— Tem certeza?
— Sim, claro. — Hermione disse divertida e então olhou para trás vendo Molly se aproximando.
A mulher se aproximou para cumprimentá-la alegre e carinhosamente, imediatamente pedindo a Erika que levasse as coisas de Hermione para o quarto de Ginny enquanto ela falava com a recém-chegada para lhe mostrar as decorações de Natal. Com um sorriso quase zombeteiro, a Lufa-Lufa pegou a bolsa de Hermione e a gaiola de Bichento e os carregou rapidamente para o quarto. Ao chegar no quarto de Ginny bateu na porta antes de entrar, a ruiva ficou surpresa com a presença de Frukke, principalmente ao vê-la chegar com a bolsa de Hermione e a gaiola de Bichento.
— Hermione está aqui? — Ginny perguntou surpresa.
— Sim, chegou há um tempo. — Erika respondeu deixando tudo em cima da cama. — Você acha que eu deveria deixar ele aí? — ela questionou, olhando desconfiada para Bichento adormecido.
Ginny sorriu e se levantou para caminhar em direção à jaula.
— Eu faço isso, senão ele vai comer seu dedo. — Ginny zombou enquanto abria a gaiola do gatinho.
— Claro, é verdade. — Erika murmurou olhando com um pouco de medo para o gato laranja.
A porta se abriu revelando Ron com um papel na mão, ele parecia confuso enquanto coçava a cabeça e a outra mão estava na maçaneta.
— Ginny, não acho que o que você escreveu para ele seja... — ele murmurou, mas parou imediatamente quando percebeu que havia mais uma pessoa na sala. — Oh, olá. O que é isso? — Ron perguntou quando viu Bichento sair de sua jaula. — Hermione está aqui?
— Se você ver o gato dela é o óbvio, certo? — Ginny rapidamente se aproximou dele para retirar rapidamente o pedaço de papel de sua mão. — Falaremos sobre isso mais tarde.
— Falar sobre o quê? — Hermione perguntou entrando na conversa com um Harry um tanto sério. — Olá, a propósito.
— Achei que você estava na neve usando aquelas coisas estranhas nos pés. — Ron mencionou levantando uma das sobrancelhas.
— Achei que você ficaria mais feliz com a minha presença, Ronald. — Hermione disse revirando os olhos enquanto fechava a porta do quarto para cruzar os braços. — Ouvi os gêmeos mencionarem algo da noite passada, aconteceu alguma coisa?
— Não aconteceu nada, ouvimos coisas diferentes. — Ginny respondeu, sentanda em sua cama, Bichento imediatamente subiu em seu colo.
— Ah, eu entendo. — ela assentiu e depois olhou para Erika e Harry. — E vocês como estão? Agora vou pedir respostas honestas sobre como vocês tem estado.
— Estou bem, já te contei. — Harry respondeu friamente.
Hermione olhou para os dois ruivos com uma cara preocupada, Ginny apenas ergueu as sobrancelhas para ela como se quisesse dizer que não adiantava e Ron encolheu os ombros com um toque de timidez pois não sabia como lidar com a situação com aquele com óculos.
— Não minta. — Hermione disse suspirando. — Eu te conheço há anos, e a Sra. Weasley me disse que você está distante desde o jantar de ontem.
— Eu não o culpo... — Erika murmurou, ganhando o olhar imediato de Hermione.
— Por? — Hermione perguntou desconfiada e ambas as sobrancelhas se ergueram.
Erika olhou para ela surpresa, ela pensou ter pensado nisso, mas acabou que ela havia dito isso em voz alta. Ela olhou para a morena por menos de três segundos, ela sabia que se olhasse para ela por mais tempo acabaria ficando em silêncio e depois ficaria uma pilha de nervos e não falaria novamente.
— É que... Pense bem, ouvimos dizer que você-sabe-quem está tentando possuir Harry. — Erika começou a explicar, evitando o olhar de Hermione. — Se eu fosse Harry também estaria distante, na verdade, estou.
— Sim, mas você não ficou relutante conosco quando falamos com você. — Ginny falou quase acusadoramente enquanto olhava de soslaio para Harry.
— Sim, mas vocês têm que entender...
— Vocês nunca entenderiam como é. — Harry rosnou, olhando para cima.
— Claro, não tenho ideia de como é ser possuída por você-sabe-quem. — a ruiva disse sarcasticamente enquanto cruzava os braços.
Claro, lá Erika lembrou que Ginny foi quem esteve envolvida na questão da Câmara Secreta no segundo ano. Ela notou como Harry abriu os olhos ao lembrar daquele detalhe, seu rosto tenso relaxou para demonstrar culpa e remorso por não pensar que não estava sozinho na situação.
— Desculpe, esqueci. — Harry se desculpou arrependido.
— Convenientemente. — Ginny rosnou, cruzando os braços.
Ela deu uma rápida olhada em todos na sala, Hermione havia sentado ao lado de Ron e eles olhavam para Harry preocupados, tristes. Não era uma expressão estranha a tudo o que estava acontecendo.
— Mas você não está sendo possuído. — a ruiva falou novamente. — Você esqueceu algumas coisas? Ou talvez apagões mentais?
— Não, lembro de absolutamente tudo.
— Bem, ele não possuiu você. — Ginny concluiu. — Quando você-sabe-quem me possuiu, eu não conseguia me lembrar de nada que tinha feito. Eu aparecia em um lugar aleatório e não sabia como cheguei lá.
— Isso faz sentido, em nenhum momento você saiu da cama. — Ron comentou. — Talvez tenha sido uma visão, como Bartô Crouch Jr conversando com Rabicho.
— Ou talvez ele tenha tomado antes de você acordar? — perguntou Erika, tentando contribuir. — Talvez Voldemort simplesmente tenha ido procurá-lo e depois o devolveu...
— Primeiro, isso é impossível. Na História de Hogwarts fica bem claro que ninguém pode aparecer ou desaparecer dentro do castelo. — Hermione interrompeu, cansada de repetir sempre a mesma coisa. — E segundo, isso parece um pouco bobo.
Erika olhou para ela de boca aberta e em silêncio, a pobre garota de olhos azuis piscou algumas vezes para tentar processar que Hermione era pouco mais que isso e estava gritando com ela por propor algo que era impossível e ela não tinha ideia.
Ela estava repreendendo-a por dizer algo estúpido?
— Bem, desculpe... — Erika murmurou apreensiva enquanto olhava para o chão sob o sorriso zombeteiro de Ron.
— Eu não quis dizer que você é estúpida. — Hermione esclareceu imediatamente. — Mas Voldemort não faria algo tão arriscado assim.
— Isso é literalmente dizer "Você não é estúpida, mas..."
— Você não está ajudando, Ginny. — Hermione reclamou baixinho.
A ruiva apenas levantou as mãos em sinal de rendição, foi divertido ver como Erika processou ter sido chamada de estúpida de uma forma muito indireta por Hermione. Algo que, segundo ela, teria que começar a se acostumar.
— E você? — a morena voltou a falar na direção de Erika. — Falaram que Harry estava possuído e já negamos, e você?
— Não é tão sério. — Erika minimizou.
— Eles não estão supostamente tentando fazer uma lavagem cerebral em você para se juntar aos Comensais da Morte? — Ron perguntou, fingindo inocência.
A garota de olhos azuis olhou indignada para o ruivo que apenas sorriu falsamente para ela, ele não deixaria Erika ir embora sem falar sobre sua situação.
— Como? — Hermione perguntou preocupada.
— Não se preocupe, nada acontece. — desta vez a garota de olhos azuis usou um tom mais sério. — Nada disso vai acontecer, não vou deixar me juntar a eles por mais que ele me mostre pessoas mortas.
— E por que ele quer que você se junte a eles? — Ginny perguntou. — Achei que ele não gostasse de você.
Erika fez uma careta enquanto movia a cabeça de um lado para o outro, expressando que era complicado.
— Não sei. Bem, quando eu era pequena ele me deu aulas de magia com a intenção de me juntar a Voldemort em seu futuro retorno. — Erika disse, tornando a voz mais profunda ao mencionar a última parte. — Mas ele começou a me ver como um lixo depois que fui selecionada para a Lufa-Lufa, não sei por que agora de repente me tornei digna de me juntar a ele novamente.
— Tem certeza que é isso que ele quer? — Harry perguntou desta vez. — Já vimos que Voldemort não está me possuindo como disseram os da ordem, talvez o que disseram sobre você também seja falso.
Erika não pôde deixar de sorrir amargamente, ela desejava que fosse esse o caso, mas era óbvio que não era.
— Se não fosse isso, o que mais seria? — Erika murmurou amargamente, olhando para seus tênis. — Se é isso que ele está tentando fazer, não é problema para mim, porque não vai acontecer. Não vou me juntar aos Comensais da Morte como ele tanto quer, ponto final.
Todos na sala se entreolharam preocupados, sentiram que Erika não queria falar sobre isso tentando interromper desde o início. Ela disse que não deixaria isso acontecer, mas seu tom de voz indicava que, mesmo tendo essa confiança, ela estava com medo.
A conversa chegou a esse ponto, todos decidiram ficar em silêncio enquanto observavam Bichento rolar na cama de Ginny, ignorando brutalmente Erika. Harry era o único que estava um pouco fora do que estava acontecendo, claro, ficou aliviado em saber que não estava sendo possuído, mas a situação de Erika estava em sua mente.
Sirius disse que Voldemort estava procurando uma arma, se Voldemort quisesse matá-lo isso significava que ele não poderia usá-la como arma, certo? Mas o pai de Erika queria recrutá-la de uma forma ou de outra, o que o deixou com uma grande dúvida.
Erika era a arma que Sirius mencionou que Voldemort estava procurando?
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O Natal finalmente chegou, aquela manhã estava fria e Erika, como nos últimos dias, viu o sol nascer. Ela ainda tinha medo de que seu pai lhe mostrasse algo novamente se a pegasse dormindo, e ela sabia que a noite de Natal não seria exceção para ele. Melhor prevenir do que remediar.
Ela ficou olhando para o teto por um tempo, mas assim que ouviu os pássaros matinais ela se concentrou na janela, no sol nascendo lentamente e em como a cor do céu mudava conforme o sol nascia. De vez em quando ela adormecia sem perceber, acordando segundos depois após sua mente reproduzir uma imagem curta e precisa do rosto de seu pai olhando para ela em um espaço vazio. Ela não pôde deixar de ficar com medo, sem saber se era sua mente pregando uma peça ruim nela ou se seu pai estava começando a brincar com ela para deixá-la louca.
Ela saiu do quarto cedo e silenciosamente, tinha certeza que a maioria deles acordaria tarde porque estava frio e porque na noite anterior eles haviam ficado acordados até tarde jogando jogos de tabuleiro a pedido de Sirius.
Ao passar pelo quarto de Danielle e Penny, pretendia bater para ver se elas haviam acordado e descer juntas, mas as vozes distantes e abafadas a fizeram parar. E, como sempre, ela se aproximou um pouco mais para ouvir um pouco do que conversavam.
— Você ainda está chateada com isso? — Danielle perguntou um pouco submissa.
— Não sei, Danielle. — Penny respondeu um tanto irritada. — O que você disse naquele dia não fez sentido.
A morena suspirou pesadamente, deixando a cabeça cair para trás, lamentando suas ações passadas.
— Foi no momento, ok? Não foi minha intenção.
Penny, que estava no espelho arrumando o cabelo, virou-se para encará-la e cruzou os braços.
— Claro, você sempre fala coisas inapropriadas nesse momento, Danielle Maia. — Penny a repreendeu enquanto balançava a cabeça. — Eu só estava dizendo para você não comparar o caso Yaxley com o atual e você simplesmente vai e me chama de ciumenta...
Erika mordeu a língua tentando não deixar escapar nenhum barulho de surpresa, elas estavam discutindo? Não, o mais importante era saber quem eram os Yaxleys.
— Olha, me desculpe, ok? É que tudo o que a Sophie me contou daquela vez...
Quem diabos era Sophie e por que ela não tinha ouvido esse nome antes?
Ela pretendia continuar ouvindo, mas quando ouviu uma porta se abrir no final do corredor, ela rapidamente se separou da porta. Erika tentou caminhar casualmente em direção às escadas para que ninguém suspeitasse que ela estava escutando a discussão da irmã e da namorada.
— Feliz Natal! — Erika ouviu, e quando se virou deu de cara com o sorriso largo e o cabelo rosa de Tonks.
— Feliz Natal. — ela sorriu de volta para ela com um pouco de pânico após parar no meio da escada.
— Esqueci que você acorda antes de todo mundo, esqueci de embrulhar seu presente e estava pensando em embrulhá-lo enquanto tomava café da manhã. — Tonks lamentou de forma brincalhona enquanto desciam as escadas. — Ou você prefere que eu te dê quando todos tiverem seus presentes?
Erika ficou pensativa por alguns segundos, ela sabia que se presenteava de Natal, ela não era burra mas era esquecida. Ela não tinha comprado presentes para ninguém! Além disso, era a primeira vez que ela passava aquele feriado com tanta gente, ela estava tão acostumada a passar sozinha com Danielle de forma tranquila que esqueceu como era estar com mais de três pessoas. Como as pessoas fora da família comemoravam o Natal?
— Não sei... Existe uma maneira correta? — Erika perguntou em um murmúrio constrangido. — Me desculpe, estou acostumada a só receber o presente da Danielle e pronto. Mas se houver uma maneira correta de fazer isso em outro lugar...
Tonks soltou uma risada leve enquanto balançava a cabeça, confundindo um pouco a garota de olhos azuis.
— Os Frukkes e sua forma desajeitada de socializar. — ela disse baixinho e com melancolia. — Cada um faz isso do seu jeito, tranquilo. Se você quiser, eu te dou mais tarde e você abre quando eles te derem seus outros presentes. Parece bom para você?
— Outros presentes? — Erika perguntou confusa.
— Claro que outros presentes, você achou que ninguém mais te daria algo? É Natal, Frukke, por Merlin! — Tonks exclamou divertida enquanto levantava os braços exageradamente e entrava na cozinha. — Bom dia, Molly!
A Sra. Weasley já estava preparando o café da manhã, um cheiro doce envolveu Erika assim que ela entrou na cozinha. A mesa estava decorada com uma toalha colorida e algumas velas enquanto ao fundo era possível ver um pequeno pinheiro de Natal, onde um enfeite de Papai Noel girava em seu trenó.
— Feliz Natal! — Molly cumprimentou virando-se com um sorriso. — Você teve uma boa noite?
— Sim, sem problemas. — a Lufa-Lufa respondeu gentilmente, ela não queria preocupá-la dizendo que havia dormido menos de duas horas naquela noite.
— Que bom que você teve uma noite tranquila, Eri. Agora sente-se, as panquecas estão prontas.
Quando Erika se sentou, um prato de panquecas com creme de chantilly foi colocado na sua frente seguido de uma xícara de chocolate quente. Com um sorriso gentil ela agradeceu a Molly e começou a comer em silêncio, aproveitando cada mordida como se fosse a última.
— Quando todos descerem eu te darei o seu presente, Erika. — Molly comentou, sentando ao lado de Tonks na mesa com uma xícara de café.
— Não é necessário...
— Claro que é! É Natal, um dia para todos relaxarem para Merlin. — a mulher rosnou enquanto Tonks riu um pouco.
Aos poucos os outros chegaram para tomar café da manhã, apesar de já terem terminado de comer Erika ficou à mesa conversando com Tonks e Lupin sobre varinhas e como elas se pareciam de alguma forma com seus donos.
Quando Danielle e Penny desceram elas estavam agindo normalmente, não eram mais estranhas como quando foram procurá-la em Kings Cross e a única coisa que ela conseguia pensar era que depois do que ouviu mais cedo atrás da porta elas finalmente haviam conversado sobre o assunto.
Ao lado de Penny estava Ginny e ao lado de Ginny, Hermione. A morena sorria feliz enquanto Sirius falava sobre como ele havia se tornado um animago. Para a morena, foi impressionante ouvir como conseguiram manter uma folha de mandrágora debaixo da língua por tanto tempo.
Cada vez que Hermione aprendia algo novo, seu rosto ficava brilhante, curioso e com um brilho especial nos olhos. Foi isso que Erika captou ao longo do tempo e observava naquele momento, longe dela, a algumas cadeiras de distância, sem que ela percebesse. Era algo que ela nunca se cansaria de ver.
— Eri, você poderia pegar a câmera? — Penny falou com ela, tirando-a de seus pensamentos, fazendo com que Ginny e Hermione se virassem para olhá-la.
Com o repentino olhar e atenção da morena ela ficou em branco, seu olhar passando da gentil Penny para a expectante Hermione repetidamente antes de se levantar com o corpo tenso e desajeitado. Com os olhos baixos e envergonhados ela caminhou em direção às escadas e parou por um momento, quase pega olhando demais para Hermione.
Erika não sabia se conseguiria lidar com isso.
Ela rapidamente tirou a câmera da bolsa e desceu, ficando na porta e encontrou Molly distribuindo presentes para seus filhos e para as pessoas sentadas à mesa. Todos estavam com grandes sorrisos no rosto ao receber os presentes, foi impressionante como algo tão simples como o Natal trouxe sorrisos a todos em momentos tão difíceis como os que viviam. E foi nesse momento que Erika sentiu uma leve vontade de chorar.
Ver as pessoas que agora a estavam protegendo, ouvindo-a e torcendo por ela alegremente foi emocionante. Os Weasley quase perderam o pai, mas os via ali com incentivo e sorrisos enquanto recebiam presentes da mãe. Sirius estava com um sorriso gigante, claro, depois de passar tanto tempo sozinho, passar alguns dias com pessoas próximas e seu afilhado era mais que bem-vindo. Hermione...
Ah... Hermione.
Se há poucos minutos ela não conseguia parar de ver os olhos dela cheios de um brilho lustroso de conhecimento, naquele momento foi algo mais forte que a chamou a observá-la. Vê-la com seu sorriso genuíno ao abrir o pacote que Molly havia lhe dado de repente se tornou o único acontecimento naquela cozinha, o sorriso tão gentil e cheio de gratidão que ela deu a Molly ao ver o lenço que a mulher havia lhe dado como presente fez com que ela sorrisse inconscientemente também.
Erika lembrou que estava com a câmera nas mãos quando ouviu Tonks rir ao ver que Danielle havia lhe dado uma estatueta que mudava de formato dependendo de quem a tocasse. Ela fotografou o momento exato em que a estatueta mudou de uma pequena Tonks para uma pequena Danielle assim que ela tocou nela, deixando todos maravilhados.
A risada de Ron a fez olhar para onde os grifinórios estavam, Hermione olhando para o ruivo com irritação enquanto segurava um perfume na mão. O ruivo, brincando, disse que comprou para que ela parasse de cheirar a livros velhos, fazendo com que a morena imediatamente se sentisse desconfortável.
Ela sorriu suavemente com aquela cena, então viu Harry e Sirius chegarem na cozinha e Erika os fotografou enquanto Black colocava os braços em volta do garoto de óculos que parecia melhor do que na noite anterior. Quando eles entraram na conversa, Molly se aproximou de Harry para abraçá-lo e entregar-lhe seu presente.
— Não fique aí, querida! — Molly chamou de repente enquanto se aproximava dela com um pacote. — Abra. — ela insistiu com um sorriso.
Erika deixou a câmera em um dos móveis próximos e então olhou para o pacote que agora estava em suas mãos sem saber como reagir, com seu olhar ela procurou por Danielle que estava atrás da Sra. Weasley olhando para ela com um pequeno sorriso enquanto ela balançava a cabeça. A garota de olhos azuis mordeu suavemente a ponta da língua enquanto rasgava o papel que embrulhava seu presente. Se deparou com lã nos dedos, quando pegou seu presente e estendeu percebeu que era roupa, claramente, mas se surpreendeu ao notar que o suéter bordô tinha um E tecido no meio. Confusa, ela olhou para Molly como se perguntasse onde ela conseguiu aquilo.
— Cada membro da família Weasley recebe um suéter de Natal. — Molly explicou, aproximando-se da mais nova para acariciar suavemente seus cabelos. — É bom ter você na família, Erika.
Os olhos da Lufa-Lufa começaram a brilhar intensamente, ela não entendia como Molly podia considerá-la parte da família quando começou a passar um tempo com ela naquele ano. Não demorava mais para ser considerada parte de uma família? Uma parte dela sentia que não merecia ser colocada sob as asas amorosas de Molly Weasley e sua família, mas uma parte dentro dela sentiu uma espécie de alívio ao entender como as figuras maternas funcionavam, e era exatamente isso que ela almejava desde pequena.
Ela silenciosamente vestiu o suéter e olhou timidamente para todos, esperando por uma espécie de aprovação. Os Weasley olharam para ela com um sorriso e os polegares para cima, especialmente Rony, de quem ela havia começado a se aproximar inesperadamente. Ela não pôde deixar de se censurar pelo ciúme que sentia dele de vez em quando.
Danielle mostrou seu próprio suéter Weasley, era marrom com um D no meio. Foi dado a ela quando Bill a levou para passar o Natal na Toca em seu quarto ano, fazendo Molly querer ter as duas irmãs Frukke sob seu teto em algum momento.
— Muito obrigada, Molly. — Erika agradeceu com um sorriso e um leve rubor nas bochechas.
O coração de Hermione não pôde deixar de acelerar naquele momento, ao vê-la ali com um suéter um pouco folgado, com uma cor que combinava com ela como uma luva. O grande sorriso tímido que ela dava a todos era sua completa fraqueza, sua atitude um tanto desajeitada em relação à atenção a tocou completamente. Ela sempre achou Erika Frukke uma pessoa doce e esse pensamento aumentou quando a conheceu melhor. Sua gentileza e empatia foram como uma base para começar a descrevê-la, essas duas qualidades resultaram em momentos como esse, o carinho de uma família com quem ela começou a conhecer há poucos meses ou o carinho das pessoas que estavam ali simplesmente para proteger dela.
Esse foi o efeito de Erika Frukke.
Embora para ela o efeito tenha sido muito mais forte.
O brilho naqueles olhos azuis era algo que Hermione sempre rezou para nunca esquecer. Era algo lindo, ainda mais quando ultimamente a única coisa que se via naqueles olhos era o cansaço e o vazio. A coisa favorita de Hermione no mundo inteiro, naquele momento, eram os olhos de Erika. Aqueles olhos que a olhavam com gentileza e carinho desde o primeiro dia, ela nunca soube se era porque ela era da Lufa-Lufa ou porque Erika Frukke era simplesmente boa demais para o mundo.
Todos voltaram para seus presentes, mas Hermione olhou para ela por mais algum tempo. Ela observou enquanto passava as mãos pela lã de seu suéter novo e sorria suavemente, como poderia não começar a gostar de coisas tão simples assim?
Ela estava totalmente perdida diante da fofa Lufa-Lufa com olhos tão azuis quanto o céu da primavera.
— Mais um segundo olhando para ela e você deveria pedi-la em casamento. — Ron sussurrou ao lado dela de repente.
Totalmente envergonhada, ela se virou para o amigo e bateu forte no braço dele enquanto ele apenas ria satisfeito.
— Não fale besteira... — Hermione rosnou com as bochechas pintadas de um intenso vermelho carmesim.
O ruivo continuou rindo enquanto observava sua amiga caminhar furiosa em direção à mesa tentando reproduzir a imagem de Erika com o sorriso mais suave já visto antes.
— Não pense que este ano você não terá presente. — Danielle disse se aproximando de Erika ao lado de Penny. — Costumo te chamar de anã, mas acho que esse apelido fica obsoleto quando você começou a crescer demais, mas aqui, Feliz Natal.
Erika pegou o envelope que lhe foi entregue e tirou um livro, a capa era roxa escura e em letras douradas estava escrito "Criaturas mágicas das trevas, ilustradas". Com o rosto cheio de emoção ela olhou para a irmã e um grande sorriso apareceu em seu rosto.
— Onde vocês encontraram?!
— Um dos meus clientes trabalha trazendo livros do exterior, ele me disse que precisava de uma poção de concentração porque teve que encomendar alguns livros que chegaram da América. — Penny começou a explicar. — Lembrei que Danielle tinha falado sobre isso ano passado mas não conseguimos encontrar, para tentar a sorte perguntei a ele se eles tinham e descobri que sim. Danielle comprou assim que contei a ela.
Sem dizer uma palavra, ela se jogou num abraço com as duas mulheres que a abraçaram de volta com força, tanto pelo quanto era bom vê-la com um sorriso, quanto pelo alívio de tê-la ali na frente delas.
Resolveu tirar uma foto ao lado do livro e do suéter, colocou a câmera em uma das prateleiras para arrumar e acertou o cronômetro mas seus olhos captaram algo muito melhor.
Do outro lado da cozinha Hermione estava abrindo o presente de Harry, saiu da embalagem um livro de numerologia o que fez a morena começar a rir animada assim que leu a capa, lançando-se para abraçar Harry com força. Erika congelou diante daquela cena, como era possível que toda vez que Hermione Granger sorria ela parecia uma idiota?
Para ser sincera, ela gostava de vê-la de longe. Vê-la agir de forma tão natural e feliz perto de pessoas importantes para ela era algo único aos seus olhos, apreciá-la de longe era algo que ela não queria perder.
Mas ela também queria fazer parte disso. Ela também queria ser quem fazia Hermione sorrir daquele jeito, como ela fez naquela vez na biblioteca ou quando foi para a festa de aniversário na sala comunal da Grifinória.
A imagem de Harry e Hermione se abraçando era adorável, ela sentiu que uma fotografia de algo assim seria um belo presente para Harry junto com a foto com Sirius então ela rapidamente tirou a foto. Erika pretendia pegar outro caso algo acontecesse com o primeiro, mas congelou quando Hermione se separou do abraço e olhou amorosamente para o
amigo.
Seria tão ruim se ela olhasse para ela daquele jeito também?
Erika reagiu quando aquela pergunta passou pela sua cabeça, não sabia se poderia se permitir pensar algo assim.
Erika clicou na câmera quando Hermione quebrou o abraço, mas naquele mesmo segundo seus olhos foram em sua direção e o grande sorriso que ela estava mostrando a Potter ficou maior quando ela a viu. A câmera capturou o momento preciso em que a Grifinória olhou para ela e seu sorriso cresceu, toda aquela sequência em uma fotografia mágica.
Nervosa, a garota de olhos azuis baixou a câmera enquanto a fotografia saía, ela se virou para olhar para ela e seu rosto começou a esquentar, dava para ver o momento exato em que Hermione conectou olhares com a câmera e seu sorriso ficou maior, fazendo seus olhos formarem um leve crescente. Erika não podia acreditar que havia capturado um momento como aquele. Ela rapidamente colocou a foto no bolso esquerdo da calça esperando que ninguém tivesse notado, mas, como sempre, ela estava errada.
Danielle e Penny trocaram olhares ao longe, elas estavam começando a perceber que algo estava acontecendo ali.
— Duo Frukke, preciso que vocês venham um pouco comigo. — Remus as chamou, começando a caminhar em direção ao corredor.
Danielle e Erika, que estava saindo de seu pequeno transe, se entreolharam um pouco confusas e seguiram o homem em silêncio.
— Tem alguma coisa errada? — a mais velha perguntou preocupada.
— Nada sério, mas tenho algo que você certamente gostaria de ver. — do bolso tirou um papel dobrado ao meio, assim que abriu viu que era uma fotografia. — É um pouco antigo, foi tirado rápido mas acho que vocês iriam querer ver mesmo assim.
As duas se aproximaram para ver a fotografia, lá puderam ver um Remus mais jovem conversando com duas mulheres, uma com cabelos pretos como carvão, roupas elegantes e rosto discreto, mas pelo pouco que se via ficou claro que seus traços eram delicados e Erika não pôde deixar de sentir como se a tivesse visto em algum lugar. Ao seu lado, a razão pela qual Lupin estava mostrando isso a elas.
Com um sorriso tímido e o cabelo castanho escuro preso estava Ariadna Scamander. Seu olhar para a câmera revelou seus olhos azuis que brilhavam intensamente e naturalmente, era possível notar uma verruga em sua sobrancelha esquerda e suas roupas casuais que não revelavam que ela era casada com Nathaniel Frukke. Sua mão esquerda estava no peito, como se estivesse brincando com algum tipo de colar em resposta ao seu nervosismo.
Os olhos de Danielle começaram a brilhar ao ver sua mãe novamente, toda vez que algo a lembrava dela a vontade de chorar aparecia imediatamente. Todos os dias que sentia falta dela, tinha certeza de que se ela ainda estivesse viva muitas coisas seriam diferentes para elas. Erika por outro lado estava estupefata, ela só tinha uma foto da mãe para se lembrar dela e era o retrato de família que faziam por obrigação de vez em quando, aquele retrato onde ela não estava desde que foi tirado quando ela era um feto. O rosto sério que sua mãe mostrava naquele retrato era a única imagem que ela tinha dela, se não fosse Danielle lhe dizendo que sua mãe era uma mulher amorosa, divertida e gentil, ela pensaria que, só de vê-la passar aquele retrato, que sua mãe era uma mulher raivosa e amarga.
Mas aquela fotografia mudou completamente a perspectiva dela, Ariadna até parecia um pouco tímida diante da câmera mas ainda confortável por estar ao lado de Remus.
— Esta fotografia foi tirada no ministério, quando precisei de ajuda para sobreviver como lobisomem. — explicou Remus com nostalgia. — A sua mãe me conheceu graças à mulher que você vê ali.
— Quem é? — Erika perguntou curiosa.
— Heather Yaxley, acho que ela era amiga da sua mãe na escola, se não me falha a memória. — ele disse olhando atentamente para a citada mulher. — Ela fazia parte da equipe do escritório de apoio ao lobisomem assim como sua mãe.
Ao ouvir o nome daquela mulher, o corpo de Danielle recebeu uma espécie de arrepio, isso não passou despercebido para Erika mas ela decidiu deixar isso de lado por enquanto, ela preferiu focar no fato de sua mãe trabalhar no ministério, especificamente no departamento de criaturas mágicas. Lembrou-se de que Danielle lhe contara algo sobre o trabalho da mãe, que era um pouco perigoso, mas que depois da primeira gravidez ela continuou trabalhando no escritório. Certamente o apoio ao lobisomem fazia parte do trabalho de escritório.
— É uma lembrança muito boa, Remus. Obrigada. — Danielle agradeceu, sorrindo genuinamente para o homem.
— É para vocês, que merecem lembrar da sua mãe. — ele disse a elas com um sorriso.
Danielle assentiu e entregou a fotografia para Erika que a pegou com as mãos trêmulas, era uma lembrança importante e ela pegou como se fosse algo bastante frágil. Ela olhou para sua mãe por mais alguns segundos antes de colocá-lo no mesmo bolso onde guardava a fotografia de Hermione.
Elas voltaram para a cozinha e Erika imediatamente tirou as fotos que iria entregar a Harry. Ela o procurou por um momento e ao avistá-lo começou a caminhar em sua direção com determinação, mas foi interrompida por alguém que estava em uma pequena missão.
— Presumo que esse livro das criaturas seja seu, certo? — Hermione disse a ele com um sorriso.
— Ah-? S-Sim, sim, é meu. — Erika respondeu, estupefata com o súbito aparecimento da garota, ainda com as duas fotografias na mão. — Quer ver?
— Ah, se não te incomoda...
— Não, claro que não. Posso emprestar para você.
— Você já olhou? — Hermione perguntou enquanto sua mão direita acariciava seu antebraço esquerdo.
— Não, ainda não.
— Vamos ver juntas então. — Hermione ofereceu mordendo os lábios nervosamente. — Se quiser, claro...
O cérebro de Erika demorou um pouco para processar o que ela disse, então ela apenas assentiu com uma cara de estupefação, claro que Hermione iria querer ver o livro, não existe nenhum livro que ela não tenha lido e aquele, sendo novo, iria pegar a atenção da garota. Ela não podia se recusar a ser visto.
Ela se lembrou das fotos que tinha em mãos e decidiu mostrar-lhe timidamente aquela dela e de Harry.
— Eu, uhm, tirei essa foto. Se quiser, posso pedir para Danielle fazer uma cópia para você.
Hermione se aproximou um pouco mais de Erika e olhou para a fotografia com um sorriso, com certeza iria para seu álbum de fotos.
— É uma foto muito bonita, gostaria de ter uma cópia. — Hermione disse, olhando para ela por alguns segundos e depois respirando enquanto mordia os lábios nervosamente novamente. — Você fica bem com o suéter que a Sra. Weasley lhe deu.
— Realmente? — por inércia ela olhou para si mesma e então conteve um sorriso enquanto suas bochechas coravam. — Obrigada, o lenço fica bem em você também.
Hermione apenas sorriu de volta e pigarreou enquanto suas mãos brincavam com a dobra da jaqueta dela.
— As cores do seu suéter são como se você estivesse usando o da Grifinória. — ela comentou. — Eles ficam muito bem em você.
E com isso, ela rapidamente se afastou timidamente da garota de olhos azuis, um rubor aparecendo em seu rosto enquanto ela se aproximava de Ginny que estava esperando por ela do lado de fora da cozinha com um sorriso orgulhoso.
A ruiva estava cansada de Hermione não fazer nada para tentar conquistar Erika, quase como uma bronca ela disse para ela começar a fazer seus movimentos antes que Tracey Davis atrapalhasse mais. A morena discutiu até cansar, era tão difícil para ela expressar seus sentimentos e ainda mais na frente de alguém que ela gostava, então aquela conversa pequena, um tanto estranha e desajeitada lhe custou toda a sua bateria social.
— Quando você for casada e tiver dez bichentos você vai me agradecer. — sua amiga disse a ela enquanto subiam as escadas.
— Não fale bobagem. — Hermione afirmou, ainda sentindo seu rosto queimar.
Sim, foi difícil, mas foi bom pedir a Erika que olhassem o livro das criaturas juntas e mencionassem que ela ficava bem com o suéter Weasley.
Ela poderia fazer mais do que dizer que parecia certo.
________
Todos os anos a família Malfoy celebrava um jantar de Natal com os amigos, naquele ano e como todos os outros, convidaram os Parkinson, Nott e Zabini para comer. A única diferença em relação aos jantares anteriores era tudo em que vinham trabalhando há meses no que se referia ao Lorde das Trevas.
A grande mesa localizada na sala de jantar Malfoy estava cheia de diferentes pratos e bebidas com os quais nenhum convidado ficaria insatisfeito.
Pansy odiava jantar com todos eles, seu pai se tornava mais insuportável do que quando saía com Draco e Theodore. A única coisa que saiu de suas bocas foi senhor das trevas isso, senhor das trevas aquilo e variações.
Tudo o que ela conseguia pensar era que o Lorde das Trevas poderia ir direto para o inferno.
Ela relutantemente brincou com a comida em seu prato, sua postura completamente ereta e perfeita, exatamente como lhe foi ensinado desde que se lembrava. Ao seu lado estava Draco, seu pai falava muito sobre como ele era o melhor de todos e que Lucius tinha sorte de ter um filho tão inteligente e ousado quanto ele. Claro, como se tudo o que ele fizesse fosse um lixo absoluto.
Na frente de Theodore e Blaise que não pareciam muito interessados na conversa que os adultos estavam tendo.
É claro que aqueles jantares eram divertidos quando eles eram pequenos e não tinham consciência do que acontecia ao seu redor, quando em vez de ficarem à mesa o tempo todo ouvindo-os falar sobre o grande retorno de Lord Voldemort eles corriam pela mansão brincando de pega-pega ou tentando.
— Alguma novidade com vocês? — perguntou Narcissa Malfoy, mãe de Draco, tirando os quatro de seus pensamentos.
— Certo, Pansy? Lembro que seu pai mencionou que você era boa em poções, você se sente confiante no NOM? — a mãe de Blaise perguntou com um sorriso.
A garota nomeada sorriu levemente, a mãe de Blaise sempre foi mais gentil com todos eles. Ela notoriamente não estava interessada em nada relacionado a Voldemort, ela nem era uma Comensal da Morte como a maioria dos adultos na mesa. Sua presença ali se devia puramente aos anos de amizade que teve com a mãe de Draco.
— Claro que ela tem que se sentir segura para seus NOMs, é o mínimo que espero dela. — seu pai respondeu imediatamente. — Ela tem que chegar ao Ministério e ser a melhor de todas.
— Lembro que quando você era pequena você mencionou algo relacionado a moda ou atuação, isso ainda é válido, querido? — Narcissa falou.
— Bem...
— Claro que não! Minha filha não será nada disso, ela será Aurora ou, se tudo der certo, a melhor Comensal da Morte nas fileiras do Lorde das Trevas. — seu pai interrompeu repulsivamente. — Pansy tem que deixar a família orgulhosa depois de todos os percalços que vivemos.
Theodore olhou para ela com uma expressão um tanto complexa, a mulher de cabelos negros sempre parecia entediada com o mesmo assunto. O pai dela atestando seu futuro era algo habitual e repetitivo, segundo ele não poderia permitir que sua família cometesse outro erro. Ele era obcecado por sua família ser perfeita e sempre dizia para ela não ser como uma de suas irmãs que escolheu um caminho ruim mesmo tendo tudo para ter sido uma excelente Comensal da Morte.
— Bom, espero de todo coração que tudo dê certo para você, Pansy. — Narcissa disse a ela e depois olhou para os outros. — E vocês?
— Nada de novo, o insuportável Potter fazendo suas coisas como sempre. — Draco comentou franzindo a testa. — Agora Frukke está saindo com ele, duas pragas juntas tornam mais horrível dividir a escola com eles.
— É verdade, pequena Erika... — suspirou o pai de Theodore. — Uma pena que ela se perdeu no caminho da traição de sangue, Nathaniel foi gentil em não deserdá-la.
— Eu sinto que ele é muito gentil com ela. — rosnou o pai de Pansy. — Primeiro ele não a deserda por ficar na petulante casa da Lufa-Lufa e não faz isso depois que ela foi morar com sua filha mais velha traidora.
Antes que alguém pudesse falar, a porta tocou indicando que mais alguém estava se juntando ao jantar, Lucius levantou-se curioso e caminhou até a porta da sala. Agora que eles estavam sem Dobby, havia muitas coisas que eles próprios tinham que fazer e abrir as portas era uma delas.
O rosto sereno do loiro mudou para um rosto irritado ao ver o homem à sua frente, que sorriu falsamente para ele assim que o viu. O sorriso estúpido e confiante que Nathaniel Frukke exibia era reconhecível onde quer que ele fosse. Sem dizer nada, Lucius revirou os olhos e o deixou entrar no local onde todos os presentes olharam para ele com espanto, o pai de Pansy se levantou e caminhou em direção a Nathaniel para apertar sua mão.
— Nathaniel, faz muito tempo que não nos vemos, velho amigo. — ele o cumprimentou cheio de entusiasmo.
— Olá, Spencer. — Nathaniel cumprimentou rapidamente o homem e depois olhou para os jovens. — Faz muito tempo que não nos vemos, pessoal.
Os quatro sentiram um leve arrepio ao verem aquele homem, Nathaniel Frukke, emanando uma presença fria e séria desde que se lembravam. Seus olhos estavam vazios, sem qualquer tipo de brilho, aumentando o quão alto ele era e impunha respeito onde quer que estivesse.
Quando seus olhos verdes encontraram os olhos cinzentos de Draco, ele sorriu para ele, e o garoto não pôde evitar engolir em seco por causa de seu nervosismo.
— Ah, Draco, seu pai me contou que minha filha bateu em você. — ele disse, sentando-se enquanto cumprimentava a todos balançando a cabeça.
Pansy imediatamente olhou para Draco pelo canto do olho, o garoto estava paralisado sem saber o que responder a isso. Ele nunca pensou que o próprio Nathaniel falaria com ele sobre isso. E Pansy tinha certeza de que não era nada bom.
— Como você disse, Lucius...? Ah, certo! — Nathami riu um pouco enquanto bebia sua taça de vinho. — "Você tem que colocar os pés no chão", sim, é algo que eu deveria começar a fazer agora que penso nisso.
Pansy sentiu seu estômago embrulhar e seu queixo tremia como se seu corpo estivesse começando a tremer de nervosismo ou medo, o homem nunca lhe deu confiança e o que Erika disse a ela quando elas eram pequenos não lhe deu uma boa imagem dele. Theodore e Blaise permaneceram sérios, mas ainda um tanto curiosos, mas Draco sentiu a garganta um pouco seca, ele sentiu que algo não estava indo como ele queria.
— Sua filha bater no meu filho é algo que precisa ser consertado, Nathaniel. — Lucius reclamou.
— Claro, Luci, isso foi claro para mim. — o homem revirou os olhos entediado. — Eu diria que eles resolvem isso entre si, mas é bem óbvio que Erika chuta a bunda do seu filho.
Draco franziu a testa ofendido assim como Lucius, Narcissa apenas suspirou, ela sabia que os dois homens não parariam de brigar nem mesmo em uma ceia de Natal.
— Acho que você não consegue falar tão bem da sua filha, Nathaniel. Ela é uma lufa-lufa suja e, para piorar a situação, seus dias estão contados. Então, de uma forma ou de outra, Draco ainda vence.
— O que...? — Theodore murmurou, um tanto confuso.
Nathaniel olhou para eles com surpresa e depois sorriu para eles de uma forma um tanto frívola, deixou o copo sobre a mesa e esticou as costas enquanto olhava para os menores.
— Bom, são detalhes. — ele murmurou enquanto piscava para eles, virou a cabeça para olhar para o homem novamente. — Enfim, Lucius, não tente parecer melhor do que eu quando você sabe que não é. Você perde de muitas maneiras.
— Nathaniel, Lucius, não acho que esse tipo de conversa seja boa à mesa. — Narcissa repreendeu, olhando duramente para os dois homens.
Lucius encarou Nathaniel com completo aborrecimento enquanto o homem de olhos esverdeados olhava para ele com um sorriso superior. Frukke sempre foi o favorito de Voldemort e ele sabia disso, seu ego era tão elevado que o enfureceu. Sempre foi assim e era algo tão insuportável que de uma forma ou de outra ele ficou feliz por Erika ter ficado na Lufa-Lufa para que ele não tivesse que ver o rosto dela com mais frequência.
De repente o pai de Pansy se levantou depois de olhar o relógio, sua filha olhou para ele confusa sem saber o que ele estava fazendo.
— Sinto muito, tenho que ir. Tenho uma reunião em algumas horas. — ele disse se desculpando. — Estava tudo uma delícia, obrigado pelo convite.
— Ah, fique mais um pouco, Spencer. Faz um tempo que não vejo você. — Nathaniel perguntou enquanto fazia uma cara de arrependimento.
— Eu gostaria, mas essa pessoa vem de um lugar onde não gosta de esperar. — ele disse enquanto com um toque em seu ombro indicava para Pansy se levantar. — Vamos nos encontrar um dia quando você não estiver muito ocupado.
Nathaniel assentiu convencido e então olhou para Pansy sem apagar seu sorriso torto. A menina de cabelos negros engoliu em seco ao sentir uma leve dor de cabeça aparecer de repente.
— Claro, está tudo bem. — Nathaniel murmurou sem tirar os olhos da garota. — Mande meus cumprimentos para Erika, Pansy. Espero que continuem falando como nos velhos tempos.
Um leve arrepio percorreu o corpo de Pansy, então ela apenas sorriu e assentiu educadamente. Saiu de lá com o pai em silêncio, sentiu a dor de cabeça se dissipar enquanto se afastava como se fosse uma espécie de alívio.
Nathaniel Frukke era um homem estranho e um tanto assustador.
O que acharam do capítulo? Gostei bastante dele para ser sincera. Estou animada para chegar em um capítulo específico para ver a reações de vocês.
Até breve. ❤️❤️
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